Instalar DISJUNTOR CA (corrente alternada) em CORRENTE CONTÍNUA é uma boa ideia?
“Fala, meus queridos! Cês tão bão?”
Nas minhas idas e vindas de obras costuma acontecer de instaladores me mostrarem algumas situações, digamos assim… inusitadas!
Hora é uma adaptação, porque teve algum B.O.
Hora é um Zé Faísca que larga bomba para um eletricista profissional resolver…
Enfim, acontece de tudo nessas obras da vida, não é?!
Mas uma que marcou recentemente foi numa instalação fotovoltaica onde os instaladores colocaram disjuntores comuns, ou seja, fabricados para corrente alternada, para proteger o um circuito de corrente contínua.
E ao perguntar para o engenheiro responsável, ele simplesmente falou comigo que: “disjuntor é tudo igual”!
Cara, que preguiça…
Claro que se ele tivesse feito parte da nossa turma matadora de ELETRICISTAS PROFISSIONAIS não teria falado TAMANHA BESTEIRA! Então não mole, meu querido, CLICA no LINK logo abaixo e não perca a chance de se tornar um PROFISSIONAL de ELITE!
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Mas enfim, certo a gente sabe que ele não tá, tem muita diferença só que aí fica uma dúvida:
O que ACONTECE se eu USAR DISJUNTOR de CORRENTE ALTERNADA em um circuito de CORRENTE CONTÍNUA?
Rapaz, para responder isso aí a gente preparou uma verdadeira aula! Uma explicação detalhada, “tintin por tintin”, prepara o papel e a caneta, meu “fi”, porque a matéria já vai começar.
Meus queridos, para explicar se pode ou não usar o disjuntor para corrente alternada no lugar de um disjuntor para corrente contínua, iremos recorrer à uma parte da história da eletricidade que ficou conhecida como “Guerra das correntes”.
O que foi a Guerra das Correntes
Em 1903, houve uma disputa comercial entre dois grandes nomes da eletricidade: o empresário Thomas Edison e o inventor Nikola Tesla.
Tesla defendia o uso da corrente alternada por ser mais eficiente economicamente. Já Edison confiava na corrente contínua, por ser menos perigosa, segundo ele.
Para convencer o público dos perigos da corrente alternada, Edison teve então a desumana ideia de eletrocutar animais usando corrente alternada. Dentre esses animais, ficou marcado a morte de uma elefanta. E, com isso, o tiro saiu pela culatra, porque o povo não aprovou o abate de um animal tão grande e bonito por questões tão simplórias.
Diferença entre alternada e contínua e suas aplicações
Bom, entendidos onde tudo começou, agora vamos aprofundar um pouco mais na diferença entre alternada e contínua e suas aplicações.
A corrente alternada caracteriza-se pela constante mudança de direção dos elétrons, que chegam a 60 vezes por segundo. Por isso, dizemos que a corrente elétrica no Brasil tem frequência de 60 Hertz. Cada Hertz é equivalente a 1 ciclo por segundo.
A corrente alternada é mais utilizada para transmissões de energia elétrica a longas distâncias. Isso se dá pela facilidade de alteração da faixa de tensão através dos transformadores. Além disso, tem perdas muito menores em relação à corrente contínua, sendo uma forma de transmissão de energia mais eficiente e o tipo de corrente que chega às residências.
De maneira prática, a corrente alternada é a energia que sai lá da distribuidora de energia e vai passando pelos postes até chegar na sua casa.
Já na corrente contínua, os elétrons seguem um sentido único, do lado positivo para o lado negativo. Sua aplicação é bastante comum em circuitos de baixa tensão, assim como os eletroeletrônicos.
Um bom exemplo de uma área em que está sendo bastante utilizada esse tipo de corrente é o de geração de energia solar fotovoltaica.
E como é o funcionamento deste sistema?
Basicamente, os painéis solares captam a luz e convertem esta luz em corrente elétrica contínua, que, depois de passarem por um inversor, são convertidas em corrente alternada.
E para garantir a segurança da instalação e dos seus ocupantes, tanto o lado CC da instalação, ou seja, a parte entre os painéis solares, quanto o lado CA, que é a instalação elétrica existente, precisam ser protegidos.
Tanto a NBR 5410, norma mãe das instalações em baixa tensão, quanto a NBR 16690, que trata sobre sistemas fotovoltaicos, citam que as instalações devam ter proteção contra curto-circuito, sobretensão e sobrecorrente.
Para proteger contra a sobretensão, usamos o DPS, muitos de vocês já conhecem. Já para a sobrecorrente e curto circuito, utilizamos o disjuntor.
Só que aqui tem um detalhe pequeno: é necessário utilizar tanto os DPS, quanto os disjuntores específicos para CC (corrente contínua) e para CA (corrente alternada).
“Ué! mas o engenheiro não falou que Disjuntor não é tudo igual, André?”
Sinto lhe informar, meu querido, mas não é tudo igual, não!
Como eu disse no início do texto, a corrente contínua, justamente por ser contínua, acaba gerando um arco elétrico muito maior do que em corrente alternada.
Há um vídeo que achamos no canal Experiments Robert 33. Lá eles mostram essa diferença de forma prática e visual pra todo mundo entender:
Primeiro ele fecha o circuito em 220V em corrente alternada. Ao abrir o circuito, quase não conseguimos ver o arco gerado.
Agora, quando ele troca para os mesmos 220V em corrente contínua, meu amigo, você tem que ver a abertura do arco! “Cê tá doido”…
Lembrando que a carga é a mesma, ok?!
E por ter este arco elétrico, precisa de um disjuntor específico para corrente contínua.
A câmara de extinção deste arco elétrico em um disjuntor de cc é muito maior do que a de um arco de um disjuntor de ca, bem como os seus contatos, que são mais robustos do que os contatos existentes em um disjuntor de ca.
“E por que usam o disjuntor ca em sistema cc, André”?
Simples, meu querido, mas eu só vou falar depois que você compartilhar esse texto com os seus amigos!
Porque eu quero ver essa comunidade de eletricistas sabendo bastante, dá essa moral para mim e para os seus amigos.
Bom, respondendo a pergunta, o pessoal usa o disjuntor ca em sistema cc por dois motivos:
- Por causa do preço! Um disjuntor de cc é bem mais caro do que um disjuntor para CA.
- Por falta de conhecimento, acreditando no que outros falam que não há diferença alguma!
Mas, então, um disjuntor CA não vai atuar protegendo um circuito CC?
Não exatamente!
Na maioria dos casos, o disjuntor CA irá atuar, sim, em caso de curto ou sobrecarga na rede CC.
Porém a dúvida é:
- Será que ele vai suportar essa demanda e vai se manter intacto, protegendo mesmo, ou vai falhar?
Você pagaria pra ver? Depois de ver uma tensão “tão baixa” gerando um arco desse?
Creio que não, não é?!
Ou seja, o Zé Faísca coloca a casa dos outros em risco por falta de conhecimento e ainda acha que está ajudando o cliente a economizar. Tá vendo porque é bom compartilhar informações!
Outra curiosidade:
Diferente dos disjuntores para CA, os disjuntores para CC não possuem curva específica, conforme cita a NBR 16690.
E é importante salientarmos (caramba, olha esse vocabulário)…
É importante salientarmos que a grande maioria dos acidentes causados em uma instalação fotovoltaica é devido a não utilização correta deste tipo de proteção.
Show?
Espero ter ajudado vocês a saberem os riscos de usarem disjuntores trocados!
Por hoje é só…
Agradeço a sua leitura e te aguardo no próximo texto!
Fiquem com Deus, grande abraço…. fui…!!!