Como buscar desenvolvimento e reconhecimento profissional sem adoecer?

reconhecimento profissional

Você já busca reconhecimento profissional e tudo sente que tudo o que faz não é o bastante? Você está no lugar certo para entender como agir nessa situação.
O trabalho ocupa um lugar bastante conflitivo na nossa sociedade, e consequentemente na subjetividade da grande maioria de nós. Ao mesmo tempo em que é algo extremamente necessário – precisamos de dinheiro, afinal – ele também nos cansa e frustra, e, apesar disso, pode ser fonte de satisfação e reconhecimento profissional.


Muitas vezes, este é um terreno acidentado por muitas cobranças, ansiedades, e que se torna motivo de adoecimentos. Refletir sobre isso tudo é essencial para seguir adiante, cumprindo as nossas obrigações e ao mesmo tempo tentando encontrar modos próprios de viver tudo isso, desenvolvendo as potencialidades que cada um, com certeza, tem. 

 

Com tantos fatores em jogo, a tarefa de buscar ter uma vida profissional bacana, com crescimento sustentável, pode parecer muito difícil – e realmente é, mas podemos pensar em algumas formas de mapear os desafios que estão em jogo.

Faço um convite para pensarmos no assunto a partir de 3 eixos: definição de projetos, ajustes de expectativas, e manejos do tempo fora do trabalho.  


Definição de projetos
 

Não estou falando, de modo algum, de ter um projeto para a vida toda, ou de ter um propósito de mudar o mundo com o seu trabalho: sugiro aqui estabelecer alguns parâmetros realistas sobre sua caminhada profissional, com honestidade.

Algumas perguntas podem ajudar: 

 

  • A ideia é construir algo na mesma empresa, ou alavancar oportunidades no mercado? 
  • É uma carreira mais técnica, ou gerencial? 
  • Tenho que focar no trabalho em equipe, ou meus resultados dependem mais de mim? 
  • Quais são as projeções salariais pra área em que me encontro? – não vai ter aumento todo mês, então vamos ajustar a expectativa – em breve falaremos sobre isso. 

 

A partir de interrogações como estas, é possível definir alguns planos – novamente, não precisa ser nada grandioso.

Pode ser o plano de ter uma conversa com a liderança da empresa, procurando entender o que é vislumbrado pra você; talvez seja tirar da nuvem um curso online que você começou e deixou de lado… o que importa é que sejam estabelecidos alguns próximos passos a serem dados, de modo que o crescimento profissional deixe de ser uma tarefa abstrata, gigantesca e angustiante, e possa tomar uma forma mais definida.  


Ajustes de expectativa
 

Ter um projeto também pode ajudar muito na difícil tarefa de aceitar e respeitar as adversidades que com certeza vão aparecer, pois, se eu sei que meu projeto é algo que demora, digamos, 2 anos, eu posso lidar melhor com um dia ou semana difícil no trabalho, porque sei que os resultados que busco não são imediatos, e que ainda tenho tempo pela frente para seguir construindo o que planejei.

Ajuda também, claro, a entender com mais objetividade quando realmente há algo que não vai bem, e a fazer uma avaliação disso. Para ajudar a pensar:  

  • Estou, afinal, deixando algo a desejar? 
  • Algo não vai bem no lugar em que trabalho, é preciso repensar meus planos ali? 
  • É preciso recalcular a rota que havia pensado?
  • Será que minhas expectativas são coerentes com o meu momento de vida?

Esse honesto entendimento dos limites que se encontram na vida profissional é um modo muito interessante de lidar com outro ponto que pode gerar muito sofrimento, que é a comparação com outras pessoas. Ela é inevitável, pois os outros são, sim, um dos parâmetros que usamos para pensar em nós mesmos, mas um jeito de mantê-la em lugares administráveis é ter feito a tarefa acima: ter um projeto com parâmetros pessoais pode ajudar a não se perder em comparação com pessoas que podem estar em lugares legais, mas que não fazem sentido em sua vida, ou que têm uma história diferente da sua a ponto de tornar a comparação descabida. 

Finalmente, é sempre importante lembrar que dias difíceis acontecem, e muito. Saber disso, e não ver aí um motivo para se autodepreciar, é um trabalho essencial para sustentar o desenvolvimento profissional com a tal qualidade de vida que todos nós procuramos, de alguma forma. 

Manejos do tempo fora do trabalho – o descanso! 

Muitos de nós, a maioria, não pode diminuir a carga de trabalho que tem, pelo menos não imediatamente. Sendo assim, faz-se muito necessária a reflexão sobre a qualidade do descanso que obtemos.

Claro que as redes sociais e os seriados são muito legais, mas precisamos mesmo refletir sobre outras formas de passar nosso tempo livre, buscando atividades que engajem também o nosso corpo, que convoquem a nossa criatividade… o tempo passado na frente das telas voa, e facilmente pôde-se chegar ao domingo à noite com a sensação de que não se fez nada, e que lá vem mais uma semana cansativa.

Mas é provável que a sensação seja diferente se você tiver feito uma caminhada, ou tiver cozinhado algo diferente, ido a um lugar novo, conversado com um amigo… essas coisas produzem experiência, história, e é isso que nós dá a sensação de que houve mesmo um descanso, e não apenas a ocupação do tempo.

Por último, nunca é demais lembrar: você não é o seu trabalho. Ele pode ser uma parte importante de sua vida, mas, se ele se torna o centro de tudo, contraditoriamente pode ser que se torne uma fonte de sofrimento, e isso vai prejudicar muito sua vida e, inclusive, seu trabalho.

Para se concentrar e dedicar adequadamente, é importante demais que existam outros interesses e fontes de satisfação, que ajudem a carregar a bateria para os desafios que com certeza aparecerão.

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Raissa

Raissa de Matos Ribeiro

Psicóloga clínica de orientação psicanalítica, com mestrado pela UFMG. Atendimento de pacientes adultos, on-line e presencialmente, em Belo Horizonte.