Risco de Choque elétrico: O que você precisa saber

choque elétrico

Você já imaginou como seria viver sem energia elétrica? Nada de internet, tomadas, geladeiras, e o banho quente só esquentando água no fogão a lenha. Graças aos avanços tecnológicos, tudo o que fazemos hoje envolve energia elétrica.  Mas a eletricidade também trouxe a possibilidade do risco de choque elétrico por alta tensão, que pode causar a fatalidade em alguns casos.

Só em 2020 no Brasil foram registradas, segundo dados da ABRACOPEL, 691 mortes por acidentes com choque elétrico. São quase duas mortes por dia. Isso acontece porque ainda existe muita negligência e falta de conhecimento dos riscos do choque elétrico.

Se você trabalha de forma direta ou indireta com energia elétrica, a exposição ao risco de choque elétrico é bem maior.

Para garantir sua segurança e chegar vivo em caso no final do expediente, você precisa conhecer os riscos e as medidas de prevenção e correção dele.
Caso sua profissão exija o contato direto ou indireto com alguma instalação elétrica ou serviço com eletricidade, é imprescindível que você tenha o treinamento NR10.

Continue lendo e você vai saber conhecer os riscos do choque elétrico, e ainda aprender como evitar seus danos.

 O que é um choque elétrico ?

O choque elétrico é a passagem de uma corrente elétrica pelo corpo. A corrente usa o corpo do condutor, circula por ele, e pode causar efeitos graves, até mesmo fatais.

A passagem de corrente elétrica pelo corpo pode ocorrer de forma direta ou indireta. No contato direto, por exemplo, a pessoa é exposta a partes energizadas de uma instalação elétrica.

Já no contato indireto, ela entra em contato com alguma parte do equipamento que não foi isolado corretamente, e por isso foi energizado acidentalmente.
Sendo o mais comum dos acidentes com energia elétrica, o choque elétrico pode estar presente em situações bem corriqueiras.

Em casa, ao tocar um aparelho elétrico com falha no isolamento, possivelmente você vai receber uma carga elétrica, mesmo que pequena.
O nível de gravidade do choque elétrico depende de alguns fatores, como:

  • Tempo de exposição a corrente elétrica: dependendo da intensidade da corrente, alguns segundos são suficientes para causar danos graves.
  • Intensidade da corrente elétrica: quanto maior for a corrente, maior é a lesão.
  • Percurso que ela faz pelo corpo humano: O percurso da corrente elétrica no corpo humano depende do contato que a pessoa tem com a instalação energizada. A movimentação dele pelo corpo pode ser muito variada. Se a corrente passa pelo coração, por exemplo, ela altera o ritmo cardíaco e oferece um grande risco à vítima.

Se a pessoa está em um piso isolante e com uma das mãos entre em contato com um condutor fase, e com a outra mão um condutor neutro, a corrente vai passar pelo tórax antes de sair por uma das mãos. O problema é que nessa região estão os órgãos vitais para a circulação de sangue e respiração. 

Condições do corpo

A intensidade da corrente no corpo vai depender da resistência que ele oferecer à corrente. Essa resistência é exclusivamente por causa da camada externa da pele. A pele seca, por exemplo, tem uma resistência maior.

Mas quando a pele está úmida ela não chega a nem 1% da resistência que a pele seca tem. Por isso, se a pessoa está suada, ou está em um ambiente de alta umidade, a resistência do corpo dele à corrente elétrica é muito reduzida.

Quais os efeitos do choque elétrico no corpo?

O risco do choque elétrico é mais comum do que se imagina. Por isso, é importante conhecer os efeitos dessa alta tensão no corpo humano, porque ele pode ser fatal.

Parada cardíaca ou respiratória 

Quando o percurso da corrente elétrica passa pelo tórax, causando a alteração do ritmo cardíaco e produzir uma parada cardíaca. Como o coração é responsável por liberar toda circulação de sangue pelo corpo, rapidamente o cérebro e os tecidos do corpo ficam sem oxigênio.

Quando a arritmia cardíaca é grave, acontece uma fibrilação ventricular. Ela é uma contração disritmada do coração que acontece dependendo da  intensidade da corrente é de 15mA, e circula por um tempo maior que um quarto de segundo. Raramente o coração se recupera de uma fibrilação sozinho. Nesse caso, é preciso intervir com um desfibrilador para que o ritmo normal do coração possa ser restabelecido.

A asfixia também é um efeito comum quando a corrente afeta a região toráxica. Ela acontece quando a corrente elétrica está acima de 30mA, e circula por um período pequeno. Pode ser em até 14 segundos, por exemplo.

O diafragma se contrai e cessa a respiração. Por isso, a intervenção deve ser rápida, em um intervalo inferior a 3 minutos. Além do risco de choque elétrico poder levar óbito, a vítima pode ter sérias lesões cerebrais se sobreviver.

Contração muscular 

Quando a corrente elétrica atravessa o corpo, os músculos sofrem um estímulo que provoca contração. Quando a força da contração é grande, acontece o que chamamos de tetanização, onde o músculo fica paralisado. É como uma câimbra no músculo, e mesmo depois que o choque elétrico termina, ele ainda fica paralisado.

Queimaduras 

Parte da energia da corrente elétrica que passa pelo corpo da vítima é transformada e liberada em calor. Dessa forma, o calor aumenta a temperatura na parte que foi atingida e pode produzir:

  • Queimaduras de primeiro até terceiro grau no corpo
  • Aquecimento do sangue, e que também pode derreter ossos e cartilagens.
  • Queima das terminações nervosas e das camadas adiposas do corpo.

Quando a tensão do choque é grande pode provocar queima e buracos na pele, principalmente nos pontos onde a corrente elétrica atravessa o corpo. Além do risco de choque elétrico levar ao  óbito, a vítima pode ter sequelas como: perda de massa muscular, atrofia muscular, perda na coordenação motora, entre outros.

Danos no cérebro 

Quando o choque elétrico afeta a região superior, passando pelo cérebro, ou parte dele, pode produzir os seguintes efeitos:

  • Edema cerebral;
  • Aquecimento;
  • Dilatação;
  • Perda nos comandos;
  • Isquemia;
  • Inibição.

A vítima pode perder a fala, visão, memória, e até mesmo ter os movimentos do corpo comprometidos.

Danos renais 

A passagem de alta tensão pela corrente elétrica elétrica causando os efeitos colaterais no corpo, também pode atingir os rins. Nesse caso, o órgão é comprometido e a vítima pode ter insuficiência renal ou incontinência urinária.

Além disso, os choques elétricos podem queimar tecidos internos, que liberam uma boa quantidade de meoglobina, uma substância tóxica para os rins. Mas grande parte dos problemas renais aparecem depois de um certo tempo que o choque acontece. Por isso, é difícil correlacionar os sintomas com o choque.

O que fazer para evitar o choque elétrico?

É quase impossível não ter contato com equipamentos elétricos no dia a dia. Por isso, saber de alguns cuidados na hora do contato com eletricidade é indispensável para qualquer pessoa.
Alguns deles são:

  • Sempre usar calçado isolante quando entrar em contato com equipamentos elétricos;
  • Manter os equipamentos elétricos longe de lugares úmidos e com fonte de água;
  • Não tocar em equipamentos elétricos com a mão molhada ou úmida;
  • Não sobrecarregar uma tomada com vários equipamentos;
  • Fazer manutenções periódicas nas instalações elétricas;
  • Não tentar fazer manutenções e atividades sem ter a devida instrução e treinamento.

O Ministério do Trabalho criou a NR10 para estabelecer as condições mínimas de segurança para os profissionais que têm contato indireto ou com eletricidade. Além de ser uma exigência legal, é uma forma de garantir que o trabalhador faça toda sua atividade com segurança.