Você sabia que mesmo usando o cinto de segurança para reter a queda no trabalho em altura, você ainda corre risco de vida? Quando você fica suspenso, seu corpo pode entrar em um processo que se chama: Síndrome de Suspensão Inerte. Você sabe reconhecer os sintomas?
Continue lendo e você vai conhecer as principais características e sintomas da Síndrome de suspensão Inerte (SSI)
Trabalho em altura e o risco de queda
Se você trabalha em altura, sente na pele diariamente o risco da queda. No Brasil, 40% dos acidentes de trabalho por ano tem relação com a queda de altura, segundo um estudo feito pelo Ministério do Trabalho e a Revista Proteção.
Só em 2021 foram registrados uma média de 40 acidentes por queda de altura no Brasil. O trabalho em altura está presente em várias profissões: faxineiro, pedreiro, bombeiro, repositor de mercadorias, soldador, eletricista, entre outras.
Para garantir que o colaborador saia vivo no final do expediente, a NR 35 determina que o empregador adote medidas de prevenção e uma avaliação antecipada dos riscos.
Dessa forma, pensando na retenção da queda, e na segurança do trabalhador em altura, a NR 35 determina o uso de um sistema de ancoragem. Ele é um conjunto de componentes que faz conexão entre o ponto de ancoragem e os Equipamentos de Proteção Individual.
Mas nem sempre ele é suficiente para salvar a vida do trabalhador. A seguir você vai descobrir o porquê.
O que é suspensão inerte?
O Sistema de Proteção Individual Contra Queda dá ao trabalhador a segurança de não se estirar no chão, caso a queda venha acontecer. O cinto de segurança retém a queda no mesmo momento que ela acontece.
A suspensão inerte é um processo que se inicia no corpo assim que o trabalhador fica suspenso no ar pelo cinto. Basicamente, a pressão que as fitas do cinto exercem sobre o corpo do trabalhador dificultam a circulação do sangue.
Em cerca de segundos o trabalhador pode vir a óbito.
Na década de 70 pesquisadores e médicos começaram a avaliar essa síndrome. A morte de 10 alpinistas levou o caso a discussão. Eles ficaram suspensos entre 30 minutos e 8 horas por uma corda.
Pesquisadores observaram que 20% do volume circulatório acontece por causa dos membros inferiores. Quando uma suspensão inerte acontece, o volume de sangue que deveria circular fica retido. Por isso, esse quadro pode deixar a pessoa inconsciente em poucos minutos.
O que acontece na Síndrome de Suspensão inerte é que as fitas do cinto podem comprimir o fluxo de sangue na região e impedir que o sistema circulatório funcione.
Por isso, em pouco tempo a frequência cardíaca pode aumentar para que o sangue circule em todo corpo.
Ao perceber que não é eficaz, o corpo reduz essa pressão e o sangue começa a ficar retido nos membros inferiores. Logo o cérebro pode sentir a falta de oxigênio.
Além disso, o estrangulamento que as fitas causam pode gerar edemas e liberar toxinas, resultando em uma trombose venosa, embolia pulmonar ou insuficiência renal.
Quais são os sintomas de uma suspensão inerte?
A progressão dos sintomas pode levar o trabalhador à morte entre 5 a 8 minutos. Mas é preciso considerar que cada organismo pode reagir de forma diferente.
Os primeiros sintomas aparecem após 5 minutos. Além disso, as condições físicas do trabalhador podem interferir no tempo de progressão dos sintomas e nos danos que eles podem deixar.
Os sintomas são:
- Tontura
- Palpitações
- Náusea
- Dor de cabeça
- Suor
- Perda de visão
- Dormência nas pernas
- Desmaio
- Hipotermia
Primeiros Socorros à vítimas suspensas
Todo trabalho em altura deve ser regulamentado pelo Ministério do Trabalho. Em março de 2012, a NR 35 foi aprovada justamente para regulamentar todo trabalho feito acima de dois metros do solo, e que tenha risco de queda.
O objetivo é determinar as condições mínimas para um trabalho em altura seguro. Por isso, a norma orienta um planejamento antecipado, baseado em uma análise dos riscos do ambiente.
Dentro desse planejamento, um plano de resposta a situações de emergência em caso de queda é essencial para reduzir os danos da suspensão inerte.
Dessa forma, a precisão no socorro não depende apenas de força de vontade e agilidade. Todo procedimento de primeiros socorros deve ser feito mediante treinamento e capacitação.
O plano de resgate é planejado com antecipação e deve ser executado em no máximo 20 minutos após a queda.
O conteúdo programático do Curso NR 35 destina um tópico exclusivo para os procedimentos que devem ser feitos em situação de emergência, resgate e primeiros socorros.
O treinamento tem carga horária mínima de 8 horas e deve ser feito sob supervisão de um profissional tecnicamente habilitado.
Como resgatar uma vítima de suspensão inerte?
Em primeiro lugar, a sobrevivência da vítima de suspensão inerte depende muito dos primeiros 10 minutos de resgate. Se o próprio trabalhador suspenso não conseguir fazer um auto resgate, o primeiro passo é chamar a equipe de resgate.
De acordo com a NR 35, toda empresa que tenha atividades em altura precisa ter uma equipe preparada para um resgate rápido. Dentro do plano de resgate
O passo a passo básico para o resgate é:
- Desfaça as tiras do cinto de segurança;
- Massageie as pernas para diminuir a retenção venosa e bombear o sangue;
- Coloque a vítima deitada com o peito para cima;
- Use a prancha de resgate ou colar cervical caso tenha alguma lesão;
- Verifique os sinais da vítima;
- Caso ela esteja inconsciente, faça uma abertura nas vias respiratórias.
Como evitar a síndrome de suspensão inerte?
Por fim, nem sempre é possível evitar fatalidades. Mas a NR 35 existe para garantir a segurança no trabalho em altura. Usar os equipamentos de forma correta e cumprir todas as exigências da norma é a melhor forma de prevenção à síndrome de suspensão inerte. O planejamento e mapeamento dos riscos diminuem são ferramentas essenciais para diminuir os índices de quedas, e consequentemente os casos da síndrome.
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![]() | Marlon Pascoal Pinto Responsável Técnico e Instrutor de Cursos de Capacitação em Segurança do Trabalho na Engehall. Além disso, possui formação técnica em Segurança Pública, graduação em Engenharia Elétrica e duas pós-graduações: uma em Engenharia de Segurança do Trabalho e outra em Higiene Ocupacional. |