Para gestores de RH, o SST eSocial é inegavelmente um dos pilares da conformidade trabalhista e previdenciária. Ele conecta informações de saúde e segurança do trabalho à folha e aos direitos dos trabalhadores, de tal forma que exige processos bem definidos, dados precisos e integração com a área de SST. Erros ou atrasos podem resultar em inconsistências, retrabalho e riscos de autuação.
Neste guia, o foco está nos eventos S-2220 e S-2240. Você entenderá o que cada um registra, quais dados o RH precisa organizar, quando enviar e como garantir coerência com documentos como PCMSO, LTCAT e PGR. Em outras palavras, o material funciona como um apoio prático para evitar falhas e fortalecer a conformidade.
Ao final, você terá um roteiro prático para evitar falhas comuns, alinhar responsabilidades com o médico do trabalho e transformar os dados de SST em uma base confiável para o PPP eletrônico e para decisões de gestão.
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SST eSocial: o que é e por que importa para o RH
O SST eSocial centraliza as obrigações de Saúde e Segurança do Trabalho em um ambiente único, integrando dados com eventos cadastrais e de folha. Ele substitui entregas isoladas por um fluxo digital padronizado e rastreável, visto que isso facilita o controle, reduz falhas e aumenta a rastreabilidade.
Definição e objetivos
O objetivo é registrar, com qualidade e no prazo, os exames ocupacionais e as exposições a fatores de risco. Isso sustenta o PPP eletrônico, benefícios previdenciários e auditorias, além de reduzir passivos por inconsistência de dados. Assim sendo, o processo se torna mais seguro e transparente para empresas e trabalhadores.
Resultados para o negócio
Além da conformidade, o RH ganha previsibilidade e análises sobre saúde, absenteísmo e riscos por função. Além disso, os benefícios típicos incluem:
- Menos retrabalho e multas.
- Dados confiáveis para decisões e perícias.
- Maior transparência com trabalhadores e auditorias.
SST eSocial: S-2220 — visão geral e escopo
O S-2220 registra o Monitoramento da Saúde do Trabalhador de acordo com o PCMSO, incluindo ASO e exames clínicos e complementares. Em síntese, ele apresenta todas as informações referentes ao acompanhamento médico do trabalhador.
Eventos e momentos de envio
Envie a cada exame ocupacional (admissional, periódico, retorno, mudança de função e demissional) até o dia 15 do mês subsequente à realização. Isso é necessário para que os dados permaneçam alinhados ao cronograma do eSocial. Além disso, é necessário que o trabalhador esteja previamente cadastrado (S-2200/S-2300) e que haja alinhamento com o PCMSO vigente, visto que essas informações precisam estar coerentes para evitar rejeições.
Diferenças em relação ao S-2240
O S-2220 trata de resultados de exames e de aptidão. Já o S-2240 foca nas condições ambientais e na exposição a riscos. Ou seja, um evento analisa diretamente o indivíduo, enquanto o outro descreve o ambiente de trabalho e suas características.
SST eSocial: S-2240 — visão geral e escopo
O S-2240 consolida as Condições Ambientais do Trabalho – Fatores de Risco por vínculo, com base em LTCAT e PGR. Dessa maneira, ele registra os agentes, avaliações e proteções aplicadas ao trabalhador.
Escopo e momentos de envio
Inclui agentes físicos, químicos, biológicos e outros; tipo de avaliação (qualitativa/quantitativa); EPC/EPI e eficácia. Envie até o dia 15 do mês subsequente ao início da exposição e a cada alteração relevante, como mudanças na atividade, no risco, na medição ou no EPI/EPC. Desse modo, você garante que o histórico do trabalhador permaneça atualizado.
Diferenças em relação ao S-2220
O S-2240 descreve a exposição e seus parâmetros, com impacto em insalubridade, periculosidade e aposentadoria especial. O S-2220, por outro lado, não trata de agentes, mas sim de monitoramento clínico e ASO.
SST eSocial: Requisitos de dados para S-2220 no RH
O sucesso do S-2220 depende de cadastros íntegros, agenda de exames e integração com a clínica ou médico do trabalho. Assim, o RH evita inconsistências entre documentos e registros.
Campos críticos do leiaute
- Identificação: CPF, matrícula, categoria e lotação.
- Tipo de exame: admissional, periódico, retorno, mudança de função ou demissional.
- ASO: data, resultado (apto/inapto) e médico responsável (nome/CRM/UF).
- Exames complementares: código/tipo, data e conclusão.
- Coerência com o PCMSO e suas periodicidades.
🧩 Campos críticos do S-2220
Use este mini-resumo para memorizar rapidamente os pontos essenciais do monitoramento da saúde do trabalhador.
Evidências clínicas e documentos
Mantenha ASO, laudos de exames, PCMSO vigente, registros de encaminhamento e de retorno. Além disso, garanta guarda segura e conformidade com a LGPD, bem como trilha de auditoria de alterações e pareceres médicos, para que o histórico se mantenha íntegro e verificável.a guarda segura e conformidade com a LGPD, além de trilha de auditoria de alterações e pareceres médicos.
SST eSocial: Requisitos de dados para o S-2240 (LTCAT e PGR)
O S-2240 exige base técnica robusta, mapeando ambientes, atividades e riscos nos sistemas. Além disso, ele precisa refletir fielmente o que está descrito no LTCAT e no PGR, visto que esses documentos são a referência oficial.
Fatores de risco e parâmetros
- Fatores de risco conforme a tabela do eSocial e o LTCAT.
- Tipo de avaliação (qualitativa/quantitativa) e método/técnica (ex.: NHO/Fundacentro).
- Intensidade/concentração e unidade, jornada e habitualidade/permanência.
- Indicação de enquadramento para aposentadoria especial, quando aplicável.
Essas informações devem ser registradas de maneira precisa, uma vez que influenciam diretamente cálculos previdenciários e o PPP eletrônico.
EPI, EPC e eficácia registrada
- EPI: CA, validade, periodicidade de troca, treinamento e higienização.
- EPC implantados e sua manutenção.
- Eficácia/atenuação registrada (ex.: NRRsf), uso efetivo e supervisão documentados.
Além disso, é importante manter evidências que comprovem que os EPIs foram entregues corretamente e que os EPCs estão funcionando, para que não haja inconsistências em casos de auditoria.

SST eSocial: prazos, cronograma e responsabilidades
Planeje janelas semanais de validação e cut-offs mensais, integrando RH, SST e TI para garantir ritmo e qualidade. Dessa forma, você reduz erros e aumenta a previsibilidade das entregas da SST eSocial.
Prazos oficiais por evento
- S-2210 (CAT): até o 1º dia útil seguinte; em caso de óbito, imediato.
- S-2220: até o dia 15 do mês subsequente ao exame.
- S-2240: até o dia 15 do mês subsequente ao início ou alteração da exposição.
Esses prazos devem ser acompanhados constantemente, visto que atrasos podem gerar retrabalho e inconsistências no eSocial.
Papel do RH e do parceiro de SST
O RH é responsável pelos cadastros, convocação de exames, conferência de prazos e envio. Em contrapartida, o médico ou parceiro de SST coordena o PCMSO, o LTCAT/PGR, as medições, o ASO e os pareceres. Além disso, o setor de TI ou o sistema deve garantir integrações, validações, logs e gestão de versões, visto que tudo isso assegura consistência no fluxo.
Erros comuns em S-2220 e como evitar
A maioria dos erros decorre de divergências entre PCMSO, ASO e cadastro do trabalhador. Dessa forma, a validação prévia se torna essencial para evitar rejeições e retrabalho.
Validações antes do envio
- Conferir existência do S-2200/S-2300.
- Checar tipo de exame e datas coerentes com mudanças de função.
- Validar ASO (apto/inapto), CRM/UF do médico e exames complementares.
- Confrontar periodicidades do PCMSO e vínculos ativos.
Além disso, verifique se a clínica segue exatamente o PCMSO vigente, já que alterações sem atualização documental podem gerar inconsistências.
Retificação, exclusão e rastreabilidade
Retifique enviando novo S-2220 referenciando o recibo anterior; exclua via S-3000 quando necessário. Também mantenha trilha de auditoria, versionamento de documentos e justificativas formais, assim garantindo total rastreabilidade e segurança jurídica.
Erros comuns em S-2240 e como evitar
A raiz mais frequente é a falta de alinhamento entre LTCAT, PGR e S-2240. Além disso, falhas na atualização de fatores de risco após mudanças operacionais são comuns, bem como erros na escolha do tipo de avaliação ou no preenchimento da eficácia do EPI.
Checklist de consistência
- Fator de risco compatível com a atividade e o ambiente (S-1060).
- Tipo de avaliação coerente com a metodologia utilizada.
- Intensidades e unidades numéricas válidas, sem campos vazios.
- EPI/EPC com CA, validade e eficácia preenchidos.
- Atualização após mudanças de processo, layout ou EPI.
Esse checklist ajuda a reduzir falhas recorrentes, visto que ele organiza rapidamente os principais pontos de atenção do S-2240.
Exemplo de preenchimento correto
Operador exposto a ruído de 88 dB(A), 8 h: fator “ruído”, avaliação quantitativa (NHO-01), intensidade 88 dB(A), habitual e permanente; EPI protetor auricular com CA válido, NRRsf registrado, treinamento e uso eficaz documentados. Esse modelo, só para ilustrar, demonstra um cenário clássico de exposição, permitindo melhor entendimento do preenchimento correto.
SST eSocial: Integração entre médico do trabalho e RH
Defina um fluxo único, do campo ao eSocial, com papéis claros e SLAs. Além disso, alinhe rotinas e comunicações, para que a troca de informações seja ágil e precisa.
Fluxo de ponta a ponta
- Mapear ambientes (S-1060) e riscos (LTCAT/PGR).
- Registrar vínculos (S-2200/S-2300).
- Realizar exames e emitir ASO (conforme PCMSO).
- Send S-2220/S-2240 no prazo.
- Monitorar rejeições e retificar com rapidez.
Esse fluxo ajuda a visualizar todo o caminho do dado, desde o levantamento em campo até o envio ao sistema, de modo que o processo se mantenha organizado.
Indicadores e acompanhamento
- Taxa de envios no prazo e rejeições por evento.
- Divergências PCMSO × S-2220 e LTCAT/PGR × S-2240.
- Tempo de ciclo entre ocorrência e envio; retrabalho por retificação.
Esses indicadores, acima de tudo, fortalecem a governança e permitem decisões mais rápidas e precisas.
SST eSocial e PPP eletrônico: impactos para o RH
Os dados de S-2220 e S-2240 alimentam o PPP eletrônico, acessível ao INSS e ao trabalhador. Assim, qualquer inconsistência pode gerar exigências adicionais, tornando essencial o controle de qualidade.
SST eSocial: Admissão, desligamento e consulta pelo trabalhador
Na admissão, garanta S-2220 e S-2240 coerentes desde o início da exposição. No desligamento, dados consolidados permitem consulta do trabalhador via Meu INSS, evitando disputas e exigências adicionais. Dessa forma, a empresa mantém uma relação mais transparente com o colaborador.
Guarda e auditoria de dados
Implemente política de guarda conforme prazos legais, com backups, controle de acesso e LGPD. Além disso, tenha relatórios de auditoria por período, função e fator de risco, para perícias e fiscalizações, garantindo maior segurança e rastreabilidade.
FAQ – Dúvidas Frequentes sobre SST eSocial
NR1 – Gerenciamento de Riscos Ocupacionais
NR5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
NR6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI)
NR10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NR11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR12 – SST em Máquinas e Equipamentos
NR17 – Ergonomia
NR18 – SST na Indústria da Construção
NR20 – SST com Inflamáveis e Combustíveis
NR23 – Proteção Contra Incêndios
NR33 – SST em Espaços Confinados
NR35 – Trabalho em Altura
Conclusão
SST eSocial bem implementado reduz riscos, melhora a experiência do colaborador e fortalece a governança de dados. Assim sendo, com atenção aos requisitos de S-2220 e S-2240, aos prazos e ao alinhamento com PCMSO, LTCAT e PGR, o RH ganha previsibilidade e constrói um PPP eletrônico completo e confiável.
Por isso, utilize o roteiro deste guia para revisar cadastros, organizar laudos, acordar responsabilidades com a área de SST e testar o fluxo de envio. Por fim, dê o primeiro passo hoje e transforme a conformidade em um processo contínuo e sem erros.
Revise já seus S-2220/S-2240 e alinhe processos com o médico do trabalho.

Este conteúdo foi escrito por
Engenheiro e especialista em Segurança do Trabalho, além de sócio da Engehall, referência nacional em treinamentos de NRs.
Há mais de 6 anos, lidera projetos de capacitação profissional e consultoria para empresas de diversos setores, promovendo a conformidade legal e a cultura de prevenção. Criador da metodologia SAFE, Marlon transforma o ensino das Normas Regulamentadoras em experiências práticas que geram engajamento e resultados reais em segurança.


